Funaro: Yunes investia em imóveis para lavar propina supostamente paga a
Temer
Doleiro
disse que ex-assessor de Temer era um dos responsáveis por administrar valores
ilícitos do presidente. Os dois negam teor do depoimento e acusam Funaro de
faltar com a verdade
O operador financeiro Lúcio Funaro afirmou em
depoimento de delação premiada que o advogado José Yunes,
amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer, era um dos responsáveis por
administrar as propinas supostamente pagas ao presidente e
por fazer o "branqueamento" dos valores.
De acordo com Funaro, para lavar o dinheiro e
disfarçar a origem, Yunes investia os valores ilícitos em sua incorporadora
imobiliária.
Em nota, a Presidência da República afirmou que
Funaro "mais uma vez desinforma as autoridades" e que todos os
imóveis do presidente Michel Temer foram comprados de forma
"lícita". A nota também afirma que o operador financeiro espalha
"mentiras e inverdades de forma contumaz" (leia a íntegra da nota
ao final desta reportagem).
Também em nota, o advogado José Luis Oliveira Lima,
que faz a defesa de José Yunes, afirmou que Funaro "apresentou
várias versões sobre inúmeros fatos e mais uma vez faltou com a verdade".
"Ao contrário de Funaro, [Yunes] possui reputação ilibada. No momento
oportuno, Lúcio Funaro irá responder por suas afirmações caluniosas", diz
outro trecho da nota.
No depoimento, Lúcio Funaro afirmou que Temer não
concentrava o recebimento de propinas em uma pessoa apenas e que, para receber
dinheiro, "utilizava-se de José Yunes e, após, Coronel Lima".
O operador financeiro disse ainda que quem era o
responsável por arrecadar as supostas propinas para Temer era o deputado
cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que, depois, as
redistribuía para os intermediários do presidente.
"Quanto a José Yunes e Coronel Lima,
administravam a propina de Michel Temer; que Yunes, além de administrar,
investia os valores ilícitos em sua incorporadora imobiliária", diz trecho
do termo de declaração de Funaro.
Em outro momento do depoimento, o doleiro disse que
o advogado fazia o "branqueamento de capitais" para Temer e que sabe
que o presidente tem "uma série" de imóveis adquiridos da
incorporação de José Yunes.
"[Funaro] Sabe que, por trabalhar no mercado
financeiro, a maneira mais fácil de lavar dinheiro é por meio de compras de
imóveis", diz outro trecho do depoimento.
Apesar de afirmar que a lavagem de valores feita
por Yunes era em favor de Temer, Lúcio Funaro diz que não sabe se os imóveis
adquiridos estão no nome do presidente, de familiares ou de fundos de
investimento.
Funaro faz acusações que envolvem Temer, ministro e
aliados
Nota da Presidência
Leia a íntegra da nota de Michel Temer,
divulgada pela Presidência da República:
Nota à imprensa
O doleiro Lúcio Funaro mais uma
vez desinforma as autoridades do Ministério Público Federal. Todos imóveis do
presidente Michel Temer foram comprados de forma lícita e estão declarados à
Receita Federal. O imóvel na Avenida Faria Lima, em São Paulo, por exemplo, foi
adquirido no início de 2003. Eduardo Cunha sequer era filiado ao PMDB no
momento da compra.
Os recursos vieram de contas
pessoais e aplicações do presidente, todos devidamente declarados em Imposto de
Renda, assim distribuídos:
1 - R$ 220 mil aplicados em renda
fixa no Banespa;
2 – R$ 323 mil aplicados em fundo
de investimento no Santander;
3 – R$ 235 mil aplicados em fundo
de investimento no Banco do Brasil;
4 – R$ 252 mil aplicados em fundo
de investimento no Banespa;
5 – R$ 194 mil Crédito referente
à parte de pagamento pela venda de casa na
rua Flávio de Queiroz Morais, 245
6 – R$ 1 milhão provenientes
Temer Advogados Associados, honorários recebidos por ação do início da década
de 1970.
Essas foram as economias usadas
para adquirir as salas, pagas à vista. O prédio só foi entregue efetivamente em
2010. Funaro continua espalhando mentiras e inverdades de forma contumaz,
repetindo o mesmo roteiro de delações anteriores, em que traiu a confiança da
Justiça e do Ministério Público, com já registrou a Procuradoria Geral da
República.
Secretaria Especial de
Comunicação Social da Presidência da República
