Funaro diz que Cunha era 'banco de propina' e 'dono de mandatos'; defesa de ex-deputado nega
Operador disse em delação premiada que ex-deputado pagava propina a deputados com dinheiro desviado da Caixa. Defesa de Cunha diz que ele sempre teve atuação 'dentro dos limites legais'.
O
operador financeiro Lucio Funaro afirmou nos depoimentos do acordo de delação premiada que firmou com a
Procuradoria Geral da República que o ex-presidente da Câmara e
deputado cassado Eduardo Cunha era uma espécie de "banco de propina"
de deputados, ou seja, pagava para os parlamentares e depois se tornava
"dono" dos mandatos deles.
A defesa de Eduardo
Cunha nega as acusações "do reincidente em delações Lucio Funaro" e
afirma que atuação parlamentar do ex-deputado "sempre se deu dentro dos
limites legais".
Os depoimentos de
Funaro, apontado como operador do PMDB, foram prestados em 23 de agosto à
Procuradoria Geral da República. No dia 5 de setembro a delação do operador foi homologada pelo ministro Luis
Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. Os documentos com o
conteúdo dos depoimentos de Funaro foram anexados ao inquérito que investiga
supostos crimes cometidos por políticos do PMDB da Câmara dos Deputados.
Nos
depoimentos, Funaro relatou os desvios que operou no Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço (FI-FGTS), na Caixa Econômica Federal, para beneficiar o
grupo político para o qual atuava. Eduardo Cunha, Lúcio Funaro e membros do
PMDB são réus em processo sobre desvios bo FI-FGTS que tramita na
Justiça Federal em Brasília.
Funaro contou que atuou
na Vice-Presidência de Fundos de Governo e Loterias da Caixa, que foi comandada
por Fábio Cleto, e também na Vice-Presidência de Pessoa Jurídica do banco, que
foi comandada por Geddel Vieira Lima – o ex-ministro está preso.
Ao falar sobre os
desvios na área comandada por Geddel , ele detalhou como Eduardo Cunha, segundo
afirmou, atuava com ele. Disse que os beneficiários dos desvios nessa área eram
Cunha, Geddel, Henrique Alves e o próprio Funaro. Segundo disse, Cunha
funcionava era um “banco de propina” e virava “dono” dos mandatos de deputados
para os quais dava dinheiro.
No último dia 13, a defesa de Henrique Eduardo Alves afirmou
que há mais de 40 anos ele faz parte do PMDB e não de uma organização criminosa
e que a inocência dele vai ser provada ao longo do processo. Na mesma data, a defesa de Geddel informou que prestará
esclarecimentos em juízo.
Funaro declarou que
valores de propina eram creditados em uma conta-corrente que tinha com o grupo
J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, delatores da Operação Lava Jato, ambos presos. E que recebia os valores de
forma oculta e disfarçada, por meio de estratégias para ocultar a ilegalidade.