terça-feira, 5 de dezembro de 2017

O LOBBY POLÍTICO É MAIS FORTE DO QUE A VERGONHA DO POVO, INFELIZMENTE

Não à delação do marqueteiro é revés para Lava Jato e alívio para PMDB do Rio

Proposta de Renato Pereira foi rejeitada pelo STF, mas acabou divulgada de forma inédita.

Situação cria imbróglio legal na corte e é mais um golpe nas investigações.

Narradores talentosos conseguem construir histórias à semelhança de uma boneca russa, como se uma trama escondesse outra sucessivamente. Não à toa a proposta de delação do marqueteiro Renato Pereira parece ter virado uma dessas. As declarações do estrategista que se tornou a cara do sucesso eleitoral do PMDB do Rio parecem saída de dentro da delação da Odebrecht contra os principais políticos fluminenses, só que com novas provas e novos crimes. Tem potencial não só de acabar de vez com os planos do partido que dominou a cena no Estado como, de quebra, já criou um novo e delicado imbróglio legal no Supremo Tribunal Federal para a Operação Lava Jato.
Embora sejam raros os casos de delações recusadas pelo Supremo Tribunal Federal na operação – antes de Pereira, só o ex-deputado Pedro Corrêa teve proposta rejeitada pela corte – a situação do marqueteiro pode abrir um precedente para que novas propostas de delação sejam recusadas em sequência, na visão do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Isso porque, depois do acordo firmado entre Pereira e Janot, o ministro Ricardo Lewandowski rejeitou a homologação da delação porque entendeu que o ex-procurador geral concedeu benefícios penais sem que houvesse previsão legal para isso. Pereira tinha conseguido de Janot o perdão judicial em vários crimes narrados, mesma situação do empresário Joesley Batista. E o Supremo Tribunal Federal já tinha deixado essa possibilidade de benefício em aberto no julgamento em plenário que validou a delação da JBS. Mas Lewandowski foi voto derrotado naquela ocasião e agora abriu nova divergência ao analisar o caso do marqueteiro.