Justiça sequestra R$ 160 mi de Puccinelli e de ‘organização’
A Justiça Federal decretou o sequestro de R$ 160 milhões do
ex-governador André Puccinelli (PMDB) e de outros integrantes da
organização criminosa supostamente liderada por ele em Mato Grosso do
Sul. A medida atinge bens móveis e imóveis do peemedebista e de aliados
dele, inclusive do próprio filho, o advogado André Puccinelli Júnior.
Puccinelli e seu filho foram presos nesta terça-feira, 14, na
Operação Papiros de Lama, quinta fase da Lama Asfáltica – investigação
sobre desvios de R$ 235 milhões por meio de fraudes em licitações para
obras rodoviárias e propinas em troca de créditos tributários a grupos
empresariais.
O ex-governador foi delatado pelo pecuarista Ivanildo da Cunha
Miranda, que revelou pagamentos em dinheiro vivo para o peemedebista. A
propina era retirada em São Paulo e levada pelo delator até Campo
Grande, segundo ele próprio afirma, em mochilas e caixas que chegavam às
mãos de Puccinelli.
Segundo a PF, Ivanildo foi revelado por outro delator, o executivo
Wesley Batista, da J&F. À Procuradoria, Wesley contou que Ivanildo
levava a propina do grupo ao ex-governador, que teria recebido R$ 20
milhões.
No acordo que fechou com a Procuradoria, Ivanildo comprometeu-se a
pagar R$ 3 milhões de multa em seis parcelas. E, também, entregar aos
investigadores os registros das viagens que alega ter feito para pegar a
propina supostamente destinada a Puccinelli.
A PF atribui ao ex-governador ‘papel central’ na organização. “Havia
um comando na organização criminosa na figura do ex-governador, que
tinha operadores e também beneficiários nesse sistema de lavagem de
dinheiro que perdura até hoje”, disse o delegado Cléo Mazzotti, da PF em
Campo Grande.
Segundo Mazzotti ‘a continuidade na conduta delitiva justifica as preventivas deferidas’.
“A investigação entende que o ex-governador, nessa estrutura, tinha
um papel central. Até porque (Puccinelli) era beneficiário e garantidor
de todo o esquema.”
Puccinelli usava tornozeleira eletrônica desde maio, por ordem
judicial. Ele foi o chefe do Executivo de Mato Grosso do Sul por dois
mandatos, entre 2007 e 2014, período em que teria recebido propinas em
dinheiro vivo das mãos de Ivanildo.