Propina de R$ 1 milhão para Gleisi foi no ‘fio do bigode’, diz ex-deputado
O ex-deputado Pedro Corrêa
(ex-PP) afirmou que propinas de R$ 1 milhão oriundas do suposto caixa de seu
partido junto à Diretoria de Abastecimento da Petrobras à campanha de Gleisi
Hoffmann (PT) ao Senado, em 2010, foram acertadas “no fio do bigode”. A
presidente do PT e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, são réus por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro no STF.
Pedro Corrêa teve sua delação
homologada em agosto de 2017 pelo ministro do Supremo Edson Fachin. O
ex-parlamentar, condenado a 30 anos na Lava Jato e a 7 anos e 2 meses no
Mensalão, é testemunha de acusação em processo contra Gleisi. Ele depôs no dia
19 de setembro.
O ex-deputado confessou ter sido
um dos políticos que se beneficiavam de esquemas de corrupção na Petrobras. Ele
relata que o falecido deputado José Janene (PP) e o doleiro Alberto Yousseff
eram os arrecadadores do PP. A “conta” de propinas do partido na Patrobras era
alimentada por desvios de contratos da Diretoria de Abastecimento, ocupada por
Paulo Roberto Costa, que também é delator e corrobora com a versão de Corrêa.
Quando Janene esteve doente, em
2010, Pedro Corrêa alega que somente Yousseff passou a prestar contas para os
políticos que recebiam propinas no PP. Ele diz que o doleiro “arrecadava,
“mostrava” e os políticos faziam “a distribuição para os diversos
parlamentares, inclusive para ajudar uns mais necessitados, outros menos
necessitados”.
“Então isso, em 2010, Alberto
Youssef, numa das reuniões para prestar contas, ele tinha dito que tirou um
milhão de reais do caixa do partido, a mando de Paulo Roberto Costa, para
entregar ao ex-ministro Paulo Bernardo, de quem eu tinha sido companheiro”,
alega.
O ex-deputado relata que chegou
a reclamar com o ex-diretor da estatal “porque o PT tinha a Diretoria de
Serviços” e o PP enfrentava “dificuldade grande de fazer a campanha, para terminar
a campanha do partido”.
“Então fui reclamar de Paulo
Roberto, e ele então me disse que tinha sido uma determinação da presidente
Dilma, que mandou que ele ajudasse a Senadora Gleisi Hoffmann, e, por isso, ele
mandou que se entregasse um milhão de reais. E, na verdade, a Senadora foi
eleita e, logo depois, em janeiro, foi Ministra da Presidente Dilma”, afirma.
O ex-parlamentar, no entanto,
relata que não restaram provas documentais sobre os supostos acertos.
“Não ficava nada, nada. O
trabalho da política e sempre no “fio do bigode”, por isso que a prova do
político e mais complicada, porque e sempre o que você tem, que, embora se diga
que a pior das provas seja a prova testemunhal, mas e a maneira que tem de
juntar a prova, varias testemunhas pra saber que o fato existiu. Porque, na
verdade, não tinha escrito nada”.
Defesas
A senadora Gleisi Roffmann negou
irregularidades por meio de sua assessoria de imprensa.
“A defesa já restabeleceu a
verdade com relação a essas acusações infundadas e levianas. Por não existirem
fatos concretos e plausíveis que respaldem tais delações, elas só podem
alimentar a atenção da imprensa novamente por interesses políticos e com o
intuito de perseguir o PT, seus dirigentes e suas lideranças. O PT tem mais de
22% da preferência popular de acordo com as recentes pesquisas de opinião; o
Presidente Lula, que parte agora em caravana pelo interior de Minas Gerais,
quase 40% das intenções de voto para a Presidência da República, se as eleições
fossem hoje, e novas filiações aumentam a cada dia junto aos diretórios do PT e
pela internet. Somos mais de 1,8 milhão de filiados em todo o País. Mais uma
vez, o PT representa a esperança do povo em reverter os estragos feitos pelo
golpe no Brasil.”
Dilma
A ex-presidente Dilma Rousseff
(PT) afirmou em depoimento que a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) não participou
da manutenção de Paulo Roberto Costa como diretor da Petrobras. A assessoria de
Dilma tem dito que Pedro Corrêa mentiu em delação premiada.
“A Senadora Gleisi era Ministra
Chefe da Casa Civil em 2011, no momento em que eu demiti o senhor Paulo Roberto
Costa da Diretoria de Abastecimento da Petrobras. Ela, nesse momento, ela era
simplesmente Ministra-Chefe da Casa Civil. E quem decide quem demite ou quem
nomeia e a relação entre a diretoria da Petrobras e a presidência. E óbvio que
ela não participou da contratação do senhor Paulo Roberto Costa para a
Diretoria de Abastecimento, porque isso, se eu não me engano, remonta a 2003,
ou 2004 ou 2005 – eu não lembro bem -, não era eu Presidente da Republica.”