PSDB aguarda nesta terça resposta sobre renúncia de Aécio à presidência
do partido
Presidente
interino do partido, Tasso Jereissati, e senadores pediram a Aécio na última
semana que renuncie à presidência. Saída do senador divide o partido, que terá
eleições internas em dezembro
O
PSDB aguarda para esta terça-feira (24) uma resposta do senador Aécio Neves
(MG) sobre pedido para que deixe em definitivo a presidência do partido. Na
última semana, senadores tucanos e o presidente interino da legenda, Tasso
Jereissati (CE), se reuniram com Aécio e fizeram um apelo para que renunciasse.
Presidente titular da
legenda, o parlamentar mineiro pediu licença em maio, no mesmo dia em que o
Supremo Tribunal Federal (STF) determinou pela primeira vez o afastamento dele
do mandato parlamentar com base na delação premiada de executivos do grupo
J&F.
Segundo a Procuradoria
Geral da República (PGR), o tucano pediu R$ 2 milhões como propina ao
empresário Joesley Batista, um dos sócios do grupo J&F. O senador mineiro
nega as acusações e afirma que o dinheiro foi um empréstimo para pagamento de
honorários de advogados..
Em maio, ao se licenciar da presidência do PSDB, Aécio indicou
Tasso para substituí-lo interinamente. No final de setembro, ele foi novamente afastado do Senado,
mas conseguiu retomar as atividades parlamentares com o apoio do plenário, que no último dia 17 derrubou decisão do STF.
Para o PSDB, o segundo
afastamento de Aécio expôs mais a legenda, e Tasso passou a defender
publicamente a renúncia, sob a justificativa de que o senador "não tem
condições dentro das circunstâncias de ficar como presidente do partido".
Divergência
Dentro da legenda, não
há consenso sobre a permanência do senador mineiro no cargo. Um grupo defende
que Aécio deve renunciar e dar espaço para que Tasso fique à frente em
definitivo. Outra ala, no entanto, diz que as eleições estão muito próximas e
que uma renúncia iria "expor" e "enfraquecer" a legenda.
A convenção partidária
que elegerá os novos integrantes dos diretórios nacionais e estaduais do PSDB
está marcada para dezembro.
Líder do PSDB na
Câmara, Ricardo Tripoli (SP) assume que o partido está dividido, mas afirma que
a maioria quer que Tasso se torne o presidente definitivo.
"Ele [Aécio] é o
presidente. E o interino é o Tasso Jereissati, que está indo muito bem. O que a
maioria quer, na verdade, é que o presidente Tasso assuma em definitivo. Agora,
para que isso ocorra, depende de que o Aécio renuncie", declarou.
O deputado tucano
Daniel Coelho (PE) é um dos que pedem a renúncia de Aécio à presidência do
partido. Segundo ele, com o denúncia no STF, Aécio deveria se afastar em definitivo
para se concentrar na defesa.
"Você acaba
misturando os projetos partidários com a sua defesa. Se [Aécio] conseguisse
antecipar esse processo, passar a presidência com tranquilidade para alguém que
coloque as posições partidárias acima de posições individuais, seria o
ideal", defendeu.
Uma das
vice-presidentes do PSDB, deputada Mariana Carvalho (RO), acredita que a
principal saída seria esperar as eleições internas do PSDB, já que nem a
executiva foi convocada para decidir sobre Aécio renunciar a presidência.
"O Tasso foi
escolhido pelo próprio Aécio, sem consulta à executiva. Eles deveriam resolver
novamente de uma forma que não exponha o partido e enfraqueça, como eles estão
fazendo", disse.
O segundo-secretário do
PSDB, deputado Nilson Leitão (MT) também classifica como
"desnecessário" o pedido de renúncia às vésperas do congresso
partidário.
"Não tem porque
essa reação. O Tasso presidiria até dezembro, viria um novo presidente eleito.
Para que essa celeuma toda? Interessa a quem essa guerra? Jogar isso para fora
da casa? Se o Aécio desagrada uma parte e o Tasso desagrada outra, deve haver
um terceiro nome que una todos", afirmou.
Para o deputado
Giuseppe Vecci (GO), outro vice-presidente da legenda, o ideal é
"serenar" a crise interna. "O Aécio está licenciado e, no meu
entender, o PSDB deve aguardar o processo eleitoral fazer a mudança definitiva.
Uma mudança para durar 30 dias não faz sentido. Com quem eu tenho conversado,
tem colocado isso. Nós temos que serenar este momento e aguardar", afirmou.