Defesa de Glaucos diz a Moro que registro de visitas em hospital pode
comprovar que recibos foram assinados no mesmo dia
Advogados
pediram que o juiz requisite registros a hospital. Advogados afirmam que, no
hospital, ele assinou apenas os recibos referentes ao ano de 2015.
O advogado que representa Glaucos da Costamarques,
dono do apartamento vizinho ao do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
apresentou nesta quinta-feira (28) ao juiz Sérgio Moro uma série de explicações
sobre os recibos de alugueis do imóvel. No documento, os advogados pedem que o
magistrado determine a entrega do relatório de visitas do Hospital
Sírio-Libanês, entre os dias 22 de novembro de 2015 e 29 de dezembro do mesmo
ano.
Para a defesa, isso poderia comprovar a tese de que Costamarques assinou todos os documentos
referentes ao ano de 2015, em um único dia, durante uma visita de um
contador. Conforme a defesa, antes dessas assinaturas, o advogado de Lula,
Roberto Teixeira, teria ido ao hospital para tratar sobre a quitação dos
alugueis.
Esses recibos foram entregues pela defesa do
ex-presidente em um dos processos da Operação Lava Jato que ele
responde na Justiça Federal Paraná, sob responsabilidade do juiz federal Sérgio
Moro.
Os documentos datam de agosto de 2011 a dezembro de
2015. No pedido feito a Moro, a defesa de Glaucos não deu informações sobre
onde teriam sido assinados os recibos de outros anos. Assim, dos 26 recibos
apresentados pela defesa de Lula, os advogados explicaram as assinaturas de
apenas 10.
Recibo anexado pela defesa do ex-presidente Lula
cita 31 de novembro de 2015 (Foto: Reprodução)
O Ministério Público Federal (MPF) diz que Lula
recebeu da Odebrecht, como propina, um apartamento vizinho ao dele em São
Bernardo do Campo (SP).
No papel, o dono do imóvel é Glaucos da
Costamarques, que alugou o apartamento em 2011 de Marisa Letícia, esposa de Lula.
Ela morreu em fevereiro deste ano.
O jornal Valor Econômico afirma que Glaucos da
Costamarques informará, nesta quinta, a Sérgio Moro que, mesmo sem receber
nenhum pagamento até novembro de 2015, assinou os recibos levados pelo advogado
e amigo de Lula, Roberto Teixeira.
Os recibos foram apresentados pelos advogados de
Lula no processo na segunda-feira (25). Dois deles possuem datas inexistentes.
A defesa do ex-presidente disse que os recibos são
verdadeiros e que podem ser submetidos à perícia. Porém, até o momento, nenhuma
análise desses documentos havia sido requisitada na ação penal.
"Se houver qualquer dúvida em relação aos
recibos, poderão eles ser submetidos a uma prova pericial. A Defesa do
ex-Presidente Lula tem absoluta tranquilidade de que os documentos guardados
por D. Marisa revelam a expressão da verdade dos fatos", afirmou o
advogado Cristiano Zanin Martins por meio de nota.
A defesa disse também que estranha que tenham sido
indeferidas todas as provas que pediu para demonstrar que não existe qualquer
valor proveniente da Petrobras envolvido no caso. Segundo a defesa, a ação
passou a ter como único foco uma relação privada de locação.
Durante interrogatório deste processo, Glaucos da Costamarques havia afirmado à Justiça que
comprou um apartameno vizinho ao de Lula a pedido de José Carlos Bumlai.
Para o Ministério Público Federal (MPF), o empresário atuou como laranja do
ex-presidente no negócio.
Perícias
Neste processo, Sérgio Moro já determinou perícias
para analisar os sistemas usados pelo setor de propina da Odebrecht
e também uma planilha de contabilidade apresentada pela
empresa como a conta de pagamentos ao PT
Após a conclusão dessas perícias, o juiz poderá
abrir o prazo para as últimas alegações de acusação e defesa nesta ação penal.