Em três anos, Funaro repassou R$ 6,3 milhões a Henrique Alves, diz PF
A Polícia Federal mapeou em seu Relatório de
Análise Nº 103/2007 todos os repasses de valores realizadas pelo corretor Lúcio
Bolonha Funaro ao ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB). Segundo a PF,
foram 15 pagamentos efetuados entre os anos de 2012 e 2014 que somam R$ 6,3
milhões. Somente em 2014, quando Alves foi candidato derrotado ao governo do
Rio Grande do Norte, os agentes federais apontam o envio de R$ 4,8 milhões ao
peemedebista.
Os repasses detalhados no documento têm como base
planilhas e anotações encontradas em HDs apreendidos com a irmã de Funaro,
Roberta Yoshimoto, no âmbito da operação Patmos, em 18 de maio de 2017. Em seu
controle interno, segundo a PF, o corretor carimbava os repasses a Henrique
Alves com o apelido de Chico Anísio ou com os nomes de dois de seus assessores,
Norton e Wellington.
Além de entregas em dinheiro pessoalmente ao
peemedebista, como uma no valor de R$ 3,5 milhões em 18 de setembro de 2014, a
PF também elenca doações eleitorais para partidos indicados por Henrique Alves
e o pagamento de despesas com helicóptero utilizado na campanha de 2014.
“Verificou-se nas planilhas de Funaro que os
valores repassados para Henrique Alves, no período de 2012 a 2014, totalizaram
o valor total de R$ 6.308.800,00 (seis milhões trezentos e oito mil e
oitocentos reais). Desse total, só no ano de 2014, o valor pago foi R$
4.808.800,00 (quatro milhões oitocentos e oito mil e oitocentos reais)”,
concluiu o relatório da PF.
Em sua delação, Funaro contou que conheceu Henrique
Alves por intermédio do ex-deputado Eduardo Cunha e que ele recebeu propina de
todas a operações realizadas dentro da vice-presidência de Fundos de Governo e
Loteria, responsável pelo Fundo de Investimento do FGTS.
“Os valores passados a Henrique eram definidos por
Cunha. Tais valores por vezes eram passados por Cunha e, por vezes, eram pagos
diretamente pelo próprio Funaro. Algumas vezes Funaro fazia este pagamento
pessoalmente no Rio Grande do Norte, outras enviava algum emissário, mas também
havia possibilidade do funcionário do Gabinete de Henrique Alves, de nome
Wellington, retirar o dinheiro e ir realizar a entrega no Rio Grande do Norte,
fazendo uso da aeronave de Funaro”, diz a PF sobre como se davam os repasses ao
peemedebista.
O advogado Marcelo Leal, responsável pela defesa de
Henrique Alves, afirmou que não teve acesso ao relatório da PF e, portanto, não
poderia se manifestar. Sobre a propina oriunda do FI-FGTS, o advogado afirmou
que “não é verdade que Henrique Eduardo Alves tenha recebido qualquer vantagem
indevida referente à qualquer projeto que diga respeito ao FI-FGTS e sua defesa
desafia o delator, a polícia federal ou qualquer órgão de persecução estatal a
provar o contrário.”