MPF diz que encontrou documentos omitidos por delator e pede para que Moro avalie acordo
Milton Schahin é um dos donos do Grupo Schahin e fechou delação com o Ministério Público Federal.
O
Ministério Público Federal (MPF) pediu nesta segunda-feira (24), que o juiz
Sérgio Moro avalie o acordo de delação premiada firmado com o empresário Milton
Schahin, um dos donos do Grupo Schahin, que é investigado na Lava Jato. Segundo
a procuradoria, foram encontradas provas de que ele pagou propina ao operador
Jorge Luz e ao filho dele, Bruno Luz, que são réus em um dos processos da
operação.
Em março deste ano, o
MPF pediu à defesa de Milton Schahin que apresentasse documentos que
comprovariam os repasses a Jorge e Bruno Luz, mas os advogados disseram que não
encontraram nenhuma prova que pudesse ser entregue à Procuradoria.
Pai e filho são
acusados de operarem pagamentos de propina no contrato de aluguel de
navios-sonda pela área internacional da Petrobras, e Milton Schahin, de ter
efetuado os repasses ilegais.
No entanto, o Supremo
Tribunal Federal (STF) compartilhou uma série de provas em que constam
documentos apreendidos com o ex-presidente da Eltronuclear, Othon Luiz Pinheiro
Silva, nos quais a Schahin Engenharia tinha firmado contratos com empresas
offshore ilegais que eram operadas por Jorge e Bruno Luz.
"Desse modo,
junta-se comunicações entre a defesa de Milton Schahin e esta Força-Tarefa, a
fim de que a colaboração do acusado seja devidamente avaliada na sentença,
mormente em relação à omissão na apresentação de documentação e de informações
importantes para o deslinde da causa", diz trecho do pedido do MPF.
O G1
tenta contato com a defesa de Milton Schahin.
Documentos de Eduardo Cunha
No mesmo pedido, o MPF
anexou além dos contratos, anotações apreendidas com o ex-deputado federal
Eduardo Cunha, já condenado na Operação Lava Jato. Segundo os procuradores, as
anotações apontam informações sobre cargos nos governos dos ex-presidentes Luiz
Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT. Para o MPF, os papeis
apontam um suposto loteamento de cargos, "provavelmente em favor do
PMDB".
"Um
dos documentos traz informações acerca de cargos no “Gov Lula” e “Gov Dilma”,
em alusão aos Governos dos ex-Presidentes da República Luiz Inácio Lula da
Silva e Dilma Rousseff, sendo que na coluna “Gov Lula” consta “Dir Int
Petrobras” e “1/2 Dir Abast Petrobras”, o que faz alusão à diretoria
internacional da Petrobras e a diretoria de abastecimento da Petrobras",
dizem os procuradores.
Até o momento, o juiz
Sérgio Moro não se manifestou sobre as novas provas apresentadas pelo MPF. O
processo em que Jorge e Bruno Luz são réus já passou da fase de depoimentos,
inclusive dos réus.
Moro deverá abrir prazo
para que a acusação e a defesa apresentem as alegações finais. Em seguida, os
autos voltam a Moro, que deve definir a sentença, em que poderá condenar ou
absolver os réus. (Fonte: G1)