Do general Villas Bôas à reserva, a ofensiva dos militares que querem voz na política
Em meio ao furacão vivido no país desde 2013, eles vem conquistando espaço no debate.
Muitos são ativos nas redes sociais e querem se candidatar nas próximas eleições
Os militares brasileiros definitivamente estão de volta à arena política. Um movimento se iniciou entre aqueles que estão na reserva, os quais vêm ganhando voz junto a grupos de direita e lançando candidaturas para as eleições de outubro deste ano, e teve o auge nesta terça-feira com dois tuítes do general Eduardo Villas Boas, comandante-geral do Exército. Na véspera do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Villas Boas redobrou a pressão sob o Supremo Tribunal Federal (STF) ao afirmar em seu Twitter que o Exército brasileiro "compartilha o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais". Ele não citou o caso Lula textualmente nem detalhou que missões são essas. Seja como for, a manifestação do comandante-geral da ativa sobre um assunto que diz respeito à Justiça, algo incomum em democracias, acrescenta um novo e inédito — ao menos nos últimos 30 anos pós-redemocratização — ingrediente ao furacão político vivido pelo país desde 2013. Segundos antes, em um primeiro tuíte, Villas Boas também questionou: "Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?" As mensagens do general, que possui 130.000 seguidores e é considerado um grande comunicador, foram curtidas e compartilhadas por milhares de pessoas ao longo da noite desta terça. E geraram principalmente uma reação em cadeia de outros de militares de alta patente. Como a do general Freitas, comandante militar do oeste: "Mais uma vez o Comandante do Exército expressa as preocupações e anseios dos cidadãos brasileiros que vestem fardas. Estamos juntos, Comandante @Gen_VillasBoas!", escreveu em seu Twitter, que possui quase 5.000 seguidores. Já o general Pinto Sampaio, também com quase 5.000 seguidores, disse: "Como disse o consagrado historiador Gustavo Barroso: 'Todos nós passamos. O Brasil fica. Todos nós desaparecemos. O Brasil fica. O Brasil é eterno. E o Exército deve ser o guardião vigilante da eternidade do Brasil'. *Sempre prontos Cmt!!*". Por sua vez, o general Miotto respondeu a Villas Bôas: "Estamos juntos meu COMANDANTE!!! na mesma trincheira firmes e fortes!!!! Brasil acima de tudo !!! Aço !!!" (EL PAÍS - FELIPE BETIM)