STF adia decisão sobre denúncia contra Fernando Bezerra; placar está 2 a 2
Denúncia foi oferecida pelo Ministério Público no âmbito da Lava Jato. Como houve empate, ministros da Segunda Turma decidiram aguardar retorno de Lewandowski, que está em licença médica.
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu nesta
terça-feira (5) a análise de uma denúncia oferecida pelo Ministério
Público Federal contra o senador Fernando Bezerra Coelho (PMDB-PE).
Com isso, os ministros adiaram a decisão sobre torná-lo ou não réu na Operação Lava Jato.
Votaram pelo recebimento da denúncia:
- Edson Fachin
- Celso de Mello
Votaram pela rejeição da denúncia:
- Gilmar Mendes
- Dias Toffoli
Como houve empate, os ministros decidiram aguardar o retorno de Ricardo
Lewandowski, que está de licença médica, para definir a situação de
Fernando Bezerra.
Durante a sessão, Gilmar Mendes propôs que o caso fosse arquivado por
causa do empate, mas os demais ministros decidiram que o melhor era
aguardar Lewandowski.
Entenda o caso
Bezerra Coelho é acusado de pedir e receber propina de ao menos R$ 41,5 milhões, entre 2010 e 2011, das construtoras Queiroz Galvão, OAS e Camargo Corrêa.
Em troca, diz a denúncia do Ministério Público, o senador teria
participado da concessão de incentivos tributários em Pernambuco para as
obras de construção da refinaria Abreu e Lima, da Petrobras.
À época, o senador era secretário no governo de Eduardo Campos, que morreu em 2014 em um acidente aéreo.
O dinheiro teria sido desviado de contratos superfaturados das
empreiteiras com a Petrobras e depositado na forma de doações eleitorais
para o PSB e para a campanha de Campos.
A defesa nega as acusações, alegando que Fernando Bezerra Coelho
assumiu o cargo em 2007 e os incentivos estaduais foram aprovados no ano
anterior, em outra gestão.
"À época dos fatos, quando começam inventivos fiscais, sequer exercia
cargo público. Existia outro governo estadual em Pernambuco. Só esse
fato põe por terra a denúncia", disse o advogado André Luís Calegari
durante o julgamento.
Também são acusados no caso os empresários Aldo Guedes, ex-presidente
da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás), e João Carlos Lyra Pessoa
de Mello Filho, apontados como operadores que viabilizaram o repasse da
propina a Coelho.
As defesas deles também negam as acusações, e afirmam que as denúncias se baseiam exclusivamente em declarações de delatores.
A sessão do STF
Durante a sessão, o relator do caso, Edson Fachin, considerou haver
indícios suficientes para receber a denúncia, sob o argumento de que
parte dos incentivos foi concedida no governo de Eduardo Campos.
"Entendo que é possível afirmar que diferentemente da tese da defesa,
há no particular cotejo das informações com elementos indiciários
produzidos no curso da investigação", afirmou o relator.
A divergência foi aberta pelo ministro Gilmar Mendes, (sempre ele) para quem a denúncia deveria voltar-se para Eduardo Campos, já falecido.
"Me parece que haveria várias provas robustas, com indícios fortes do
próprio ex-governador de Pernambuco", disse, classificando como
"genéricas" as imputações sobre Bezerra Coelho.