quinta-feira, 23 de novembro de 2017

A HISTÓRIA CONTINUA

Publicitário diz que fez repasses de propina para ex-presidente da Petrobras a pedido da Odebrecht

Publicitário diz que repassou dinheiro da Odebrecht para Aldemir Bendine; assista ao vídeo

André Gustavo Vieira da Silva, acusado de ser operador de propina, disse que pagou R$ 950 mil a Aldemir Bendine, que nega as informações.

Publicitário diz que repassou dinheiro da Odebrecht para Aldemir Bendine; assista ao vídeo
O amigo que recebeu parte do dinheiro entregue pela Odebrecht, segundo André Gustavo, era o ex-presidente do Grupo JBS, Joesley Batista. "Eu paguei o que devia a Joesley, isso não significa dizer que Joesley soubesse que o dinheiro que tava pagando era fruto disso, não. Para Joesley, era dinheiro meu, para não confundir a interpretação do pagamento", disse.
Ele também disse que o acerto feito entre ele, a Odebrecht e Bendine poderia chegar a R$ 17 milhões, mas apenas os primeiros R$ 3 milhões foram pagos. "Como tinha um saldo dos 14 a receber, nós não chegamos a determinar exatamente como poderia ficar no final", disse.
Sem delação formal
André Gustavo afirmou que não tem um acordo de colaboração premiada com a Justiça. Mesmo assim, decidiu fornecer as informações que considera necessárias para esclarecer os fatos. "“Não existe nenhum acordo de colaboração feito. O que existe é a minha decisão de colaborar espontaneamente nesse processo. Já comuniquei ao Ministério Público que qualquer processo que cite o meu nome, em qualquer contexto, serei colaborador na circunstância em que eu possa ajudar a elucidar", afirmou.

Irmão diz não conhecer réus

Antonio Carlos Vieira Júnior, irmão de André Gustavo Vieira, disse que só esteve com Bendine uma vez, durante cerca de 30 minutos, num jantar familiar em Porto de Galinhas, e nunca teve com ele uma relação de negócios. Também afirmou que não conhece Marcelo Odebrecht e Fernando Reis.

Bendine fica em silêncio

O ex-presidente da Petrobras também foi chamado para um interrogatório nesta quarta-feira. No entanto, por orientação da defesa, ele se manteve em silêncio. Segundo o advogado Alberto Toron, que o representa, o cliente foi orientado a ficar calado porque a defesa diz que não teve acesso a documentos que considera relevantes para dar sequência ao processo.
"A audiência de hoje nos trouxe uma surpresa, porque nós havíamos requerido, antes da audiência, acesso a provas decorrentes de busca e apreensão, e esse acesso não nos foi dado. Como isso não nos foi providenciado, nós entendemos por bem de orientar o senhor Aldemir Bendine a permanecer em silêncio, até que nós tenhamos acesso a estes documentos", afirmou Toron.
O advogado também disse que o depoimento de André Gustavo ajudou a motivar a orientação pelo silêncio.
Após o fim da audiência, Moro determinou que Bendine seja transferido da carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, para o Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Segundo o juiz, a medida tem como objetivo garantir a segurança de André Gustavo."Fica ainda determinado à autoridade policial responsável pela segurança da carceragem da Polícia Federal que até então mantenha ambos em celas separadas e distantes, com proibição de contato entre eles. Registro, por oportuno, que foi também determinado ao próprio acusado Aldemir Bendine que não se aproxime do acusado André Gustavo e que com ele não fale", escreveu o juiz no despacho em que autorizou a transferência.