Publicitário diz que fez repasses de propina para ex-presidente da Petrobras a pedido da Odebrecht
André Gustavo Vieira da Silva, acusado de ser operador de propina, disse que pagou R$ 950 mil a Aldemir Bendine, que nega as informações.
O amigo que recebeu parte do dinheiro entregue pela Odebrecht, segundo
André Gustavo, era o ex-presidente do Grupo JBS, Joesley Batista. "Eu
paguei o que devia a Joesley, isso não significa dizer que Joesley
soubesse que o dinheiro que tava pagando era fruto disso, não. Para
Joesley, era dinheiro meu, para não confundir a interpretação do
pagamento", disse.
Ele também disse que o acerto feito entre ele, a Odebrecht e Bendine
poderia chegar a R$ 17 milhões, mas apenas os primeiros R$ 3 milhões
foram pagos. "Como tinha um saldo dos 14 a receber, nós não chegamos a
determinar exatamente como poderia ficar no final", disse.
Sem delação formal
André Gustavo afirmou que não tem um acordo de colaboração premiada com
a Justiça. Mesmo assim, decidiu fornecer as informações que considera
necessárias para esclarecer os fatos. "“Não existe nenhum acordo de
colaboração feito. O que existe é a minha decisão de colaborar
espontaneamente nesse processo. Já comuniquei ao Ministério Público que
qualquer processo que cite o meu nome, em qualquer contexto, serei
colaborador na circunstância em que eu possa ajudar a elucidar",
afirmou.
Irmão diz não conhecer réus
Antonio Carlos Vieira Júnior, irmão de André Gustavo Vieira, disse que
só esteve com Bendine uma vez, durante cerca de 30 minutos, num jantar
familiar em Porto de Galinhas, e nunca teve com ele uma relação de
negócios. Também afirmou que não conhece Marcelo Odebrecht e Fernando
Reis.
Bendine fica em silêncio
O ex-presidente da Petrobras também foi chamado para um interrogatório
nesta quarta-feira. No entanto, por orientação da defesa, ele se manteve
em silêncio. Segundo o advogado Alberto Toron, que o representa, o
cliente foi orientado a ficar calado porque a defesa diz que não teve
acesso a documentos que considera relevantes para dar sequência ao
processo.
"A audiência de hoje nos trouxe uma surpresa, porque nós havíamos
requerido, antes da audiência, acesso a provas decorrentes de busca e
apreensão, e esse acesso não nos foi dado. Como isso não nos foi
providenciado, nós entendemos por bem de orientar o senhor Aldemir
Bendine a permanecer em silêncio, até que nós tenhamos acesso a estes
documentos", afirmou Toron.
O advogado também disse que o depoimento de André Gustavo ajudou a motivar a orientação pelo silêncio.
Após o fim da audiência, Moro determinou que Bendine seja transferido
da carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, para o Complexo
Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Segundo o
juiz, a medida tem como objetivo garantir a segurança de André Gustavo."Fica ainda determinado à autoridade policial responsável pela
segurança da carceragem da Polícia Federal que até então mantenha ambos
em celas separadas e distantes, com proibição de contato entre eles.
Registro, por oportuno, que foi também determinado ao próprio acusado
Aldemir Bendine que não se aproxime do acusado André Gustavo e que com
ele não fale", escreveu o juiz no despacho em que autorizou a
transferência.