2018 será o ano da batalha final da Lava Jato, diz Dallagnol
Procuradores da República envolvidos na Operação Lava Jato
se reuniram no Rio de Janeiro para definir estratégias para o próximo
ano. Em coletiva de imprensa após o encontro, o procurador da República
Deltan Dallagnol reforçou que “é preciso garantir que não haverá
retrocessos” e que a corrupção não volte a tomar conta do meio político e
empresarial nas mesmas proporções do período anterior à Operação Lava
Jato.
Segundo o procurador, o próximo ano será “o da batalha
final” da Lava Jato e que o futuro será “sombrio” se os políticos que
ocupam cargos públicos e que estão envolvidos nas denúncias de desvio de
dinheiro forem eleitos novamente.
Dallagnol destacou ainda que mais de 25 milhões de
transações financeiras, que envolvem mais de R$ 2 trilhões em negócios,
são rastreados pela equipe da Lava Jato. Apesar de todos os esforços,
ele afirma que a população não deve ter uma expectativa excessiva sobre o
judiciário.
A visão dos procuradores é que “mesmo depois de tantos
escândalos tanto o Congresso como os partidos não afastaram os políticos
envolvidos nos crimes” e que a Lava Jato “uniu grande parte da classe
política contra as investigações e investigadores”, como informaram em
comunicado divulgado em nome do Ministério Público Federal (MPF).
Segundo os procuradores, atuações de Comissões Parlamentares
de Inquéritos e em diversos projetos de lei ameaçam as investigações. O
fórum privilegiado garantido a políticos em exercício é um exemplo de
desafio enfrentado pelos investigadores, segundo o procurador da
República Eduardo Hage.
“É crucial que em 2018 cada eleitor escolha cuidadosamente,
dentre os diversos setores de nossa sociedade, apenas deputados e
senadores com passado limpo”, traz o documento divulgado nesta
segunda-feira, 27.
"Apenas a Lava Jato recuperou para os cofres públicos R$ 700 milhões. A
maior dificuldade é o sistema de justiça inoperante. Os grandes casos de
corrupção demonstram isso. Quando observamos a atuação do STF
percebemos falta de resolutividade (incapacidade de resolver). Não pela
ação dos juízes, mas pelo sistema”, disse Dallagnol.