Hospital diz que contador de Lula fez visita a dono de apartamento alugado pela família do ex-presidente
Segundo o Hospital Sírio-Libanês, visitas foram nos dias 3 e 4 de dezembro de 2015. Dono do imóvel diz que assinou recibos à ex-primeira-dama quando estava internado.
O Hospital Sírio-Libanês informou ao juiz federal
Sérgio Moro, nesta quarta-feira (11), que o contador João Muniz Leite fez duas
visitas ao empresário Glaucos da Costamarques, quando ele estava internado no
local. O hospital também diz que não havia registros de visitas do advogado de
Lula, Roberto Teixeira, durante o período de internação no hospital.
As informações foram anexadas a pedido do
magistrado, para apurar as versões a respeito de recibos de pagamentos de alugueis anexados pela defesa
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a um dos processos que
responde na Operação Lava Jato.
Leite é contador do ex-presidente. De acordo com a
defesa de Costamarques, ele foi ao hospital para levar uma série de recibos de
alugueis, referentes ao apartamento vizinho ao que a família de Lula mora, em
São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Esse imóvel faz parte da denúncia
do Ministério Público Federal (MPF), contra o ex-presidente.
O MPF afirma que Costamarques comprou o imóvel com
dinheiro da Odebrecht, para favorecer Lula. Em depoimento, o
empresário disse ao juiz Sérgio Moro que, embora tenha firmado o contrato de
locação em 2011, só começou a receber valores da família do petista em
2015.
Para contrapor a versão, a defesa de Lula anexou ao
processo cópias de 26 recibos, com datas entre 2011 e 2015. O objetivo era
comprovar a quitação dos aluguéis no prazo em que Costamarques disse que não
havia recebido.
Glaucos Costamarques foi interrogado por Sérgio
Moro em 6 de setembro (Foto: Reprodução)
A defesa de Costamarques, então, anexou um outro
documento ao processo, afirmando que parte dos recibos apresentados por Lula tinham sido
assinados durante a internação do cliente, no Hospital
Sírio-Libanês.
Pedido de
Roberto Teixeira
Eles disseram que, antes da visita de Costamarques,
o advogado de Lula, Roberto Teixeira, teria ido ao hospital e solicitado as
assinaturas. No documento enviado a Moro, o Sírio Libanês disse que não
encontrou registros da entrada do advogado.
Quando prestou depoimento a Moro, Teixeira negou o
suposto encontro no hospital. Ele disse que se encontrou por acaso no
Sírio-Libanês com Glaucos, meses depois da assinatura dos recibos.
As versões divergentes fizeram o MPF abrir uma nova
investigação, para apurar a autenticidade dos documentos. Os procuradores
afirmam que eles contém indícios de falsidade ideológica e pediram
uma perícia nos documentos. Alguns dos recibos tinham datas inexistentes no
calendário e erros de grafia, que se repetiam em vários documentos.
Recibo anexado pela defesa do ex-presidente Lula
cita 31 de novembro de 2015 (Foto: Reprodução)
Moro, então, fez o pedido ao hospital, para que
mandasse o registro de visitas. Ele também determinou que a defesa de Lula
apresentasse os recibos originais à Justiça. O magistrado não
solicitou a execução de perícia.
Nesta quinta-feira (11), a defesa de Lula informou ao juiz que possui os
originais dos 26 recibos já apresentados e disse que encontrou outros seis,
também assinados por Costamarques. De acordo com a defesa do ex-presidente, o
contador João Leite trabalhava também para o empresário. Eles ainda pediram uma
audiência formal com Moro, para apresentarem os documentos na presença de um
perito.