terça-feira, 26 de setembro de 2017

"NÃO ÀS PROVAS"



Tribunal federal nega à defesa de Lula acesso a 'prova secreta' em processo de imóvel para instituto
Relator João Gebran Neto afirmou ser 'inviável' que os documentos dos sistemas da Odebrecht sejam entregues à defesa de qualquer réu e determinou realização de perícia nos dados
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) negou nesta terça-feira (26) um pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ter acesso ao sistema interno da Odebrecht usado para registrar pagamentos de propina. Os advogados alegavam cerceamento da defesa por não contarem com o que chamam de "prova secreta" do processo referente ao imóvel do Instituto Lula na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba.
O relator do processo, desembargador federal João Gebran Neto, afirmou ser "inviável" que os documentos dos sistemas da empreiteira sejam entregues à defesa de qualquer réu. Ele determinou a realização de uma perícia por técnicos da Polícia Federal nos dados, para "que seja verificado se o material contém documentos ou lançamentos que possam estar relacionados com o objeto da ação penal".
"Os sistemas contêm informações que são relevantes para várias outras ações penais e investigações em andamento e ainda a serem instauradas, inclusive parte delas sujeita a outras jurisdições. O fornecimento de cópia poderia, portanto, prejudicar investigações em andamento ou investigações ainda a serem instauradas", escreveu o magistrado.
A ação em questão trata da acusação contra Lula de receber propina da Odebrecht por meio de dois imóveis: um terreno em São Paulo, que seria usado para a instalação do Instituto Lula, e um apartamento vizinho à residência do ex-presidente, em São Bernardo do Campo, em São Paulo. Esta foi a segunda vez que Lula virou réu no âmbito dos julgamentos da Operação Lava jato. A propina seria fruto de negociações de oito contratos da Petrobras com a empreiteira.
Após o depoimento de Lula ao juiz Sérgio Moro, no último dia 13, o advogado de Lula, Cristiano Zanin, afirmou que não haveria prova contra o ex-presidente, e que o petista não participou de qualquer ato ilícito que pudesse beneficiá-lo. "Não existe essa base da acusação", afirmou ele.