Mais de 98% dos eleitores rejeitam proposta de Maduro em plebiscito, diz oposição
Iniciativa não teve o reconhecimento do Poder Eleitoral da Venezuela. Opositores são contra Assembleia Constituinte convocada pelo chavista.
Os
resultados da consulta popular informal realizada neste
domingo (16) na Venezuela mostram que 98,4% dos participantes (6.387.854
pessoas) que votaram rejeitam a formação da Assembleia Nacional Constituinte
promovida pelo presidente, Nicolás Maduro, para mudar a Constituição. A
informação é do reitor da Universidade Pedagógica Experimental Libertador (UPEL),
Raúl López.
Cerca de 95% das urnas
foram apuradas. Um total de 7.186.170 venezuelanos participaram da votação. De
todos os votos, 6.492.381 foram no país e 693.789 no exterior. Foram cerca de 2
mil urnas com zonas eleitorais improvisadas em mais de 80 países.
Os eleitores
responderam a três perguntas: se rejeitam a assembleia constitucional, se eles
querem que as forças armadas defendam a constituição existente e se querem a
realização de eleições antes do mandato de Maduro, segundo a Reuters.
A oposição exige que
Maduro convoque eleições presidenciais antes do fim de seu mandato. O chavista
convocou para 30 de julho a eleição dos 545 membros da Assembleia Constituinte,
que poderá reescrever a Constituição e dissolver as instituições do Estado.
Segundo o instituto de pesquisa Datanálisis, 70% dos venezuelanos rejeitam a
Constituinte.
Nas últimas eleições,
as parlamentares de 2015, 7,7 milhões de pessoas votaram na oposição e
permitiram que ela rompesse a supremacia chavista no Congresso.
Maduro considera o
plebiscito ilegal e defende que apenas o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) pode
realizar processos desse tipo. Em paralelo, o CNE fez neste domingo uma
simulação da votação da Constituinte.
Reações
O presidente da
Assembleia Nacional da Venezuela, Julio Borges, disse que o fato de que a
oposição tenha conseguido quase sete milhões de votos a favor da sua proposta
no plebiscito contra o governo deixa o presidente do país, Nicolás Maduro,
praticamente "revogado".
"Com os votos do
povo venezuelano matematicamente Nicolás Maduro está revogado no dia de hoje,
esse era o medo que tinha do plebiscito revogatório e por isso se impediu, por
isso o Governo não quer fazer eleições nunca mais", disse Borges após
conhecer os resultados eleitorais.
O opositor assegurou
que a consulta popular informal aconteceu "com total beleza e
confiança" e que os venezuelanos contaram com menos centros de votação do
que em qualquer outra disputa nacional.
"No entanto, o
povo superou todos os obstáculos, não somente o de haver menos lugares para
votar, mas também superou o medo, superou a violência, superou as ameaças do
Governo aos funcionários públicos, às pessoas que recebem programas
sociais", prosseguiu Borges.
O plebiscito informal foi marcado pela violência e
terminou com a morte de duas pessoas. Segundo fontes da
oposição, o ataque foi realizado por grupos paramilitares governistas em Catia,
subúrbio ocidental da capital venezuelana Caracas, onde milhares de pessoas
participavam do evento da oposição.
O Ministério Público venezuelano confirmou a morte
de uma pessoa. No Twitter, a procuradoria afirmou que investiga a morte e os
feridos causados pela "situação irregular".
A vítima foi identificada como a enfermeira Xiomara
Scott, de 61 anos. Segundo o chefe da campanha que organizou o plebiscito,
Carlos Ocariz, grupos pró-governo atacaram o lugar com tiros e bombas de gás
lacrimogêneo. Mais de 300 pessoas se protegeram de confusão dentro da igreja de
El Carmen.
O país enfrenta uma série de protestos nos últimos
quatro meses, que resultaram na morte de quase 100 pessoas desde então.