Procuradoria vê ‘omissão’ e pede a Moro revisão da delação de Schahin
O Ministério Público Federal requereu ao juiz
federal Sérgio Moro que reveja o acordo de delação premiada do empresário
Milton Schahin. A força-tarefa da Operação Lava Jato informou ao magistrado na
segunda-feira, 24, que houve “omissão na apresentação de documentação e de
informações importantes”.
Schahin é réu na mesma ação penal em são acusados
os lobistas do PMDB Jorge Luz e Bruno Luz, pai e filho. A força-tarefa da Lava
Jato afirma que os Luz teriam atuado como representantes dos interesses de
parlamentares e ex-executivos da Petrobras “corrompidos para recebimento de
propina em contratos de aquisição e operação de navios-sonda da Área
Internacional da estatal”.
São objetos da denúncia os contratos de aquisição
dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitoria 10.000 e a contratação da Schahin
Engenharia para operação do navio-sonda Vitoria 10.000 ao custo de US$ 1,6
bilhão. Os executivos do grupo Schahin ofereceram, segundo o Ministério Público
Federal, propina de US$ 2,5 milhões aos funcionários da Área Internacional da
Petrobras para dar viabilidade técnica à contratação.
Nesta segunda-feira, 24, a força-tarefa relatou a
Moro que, após compartilhamento de provas pelo Supremo Tribunal Federal (STF),
foram localizadas minutas referentes aos contratos entre Schahin Engenharia e a
Gea Projetos, a Casablanca International Holdings LTD – offshore do grupo – e a
Pentagram Engineering LTD – offshore de Bruno Luz e Jorge Luz.
“Ainda foi encontrado contrato assinado entre a Cap
Dupell e a Pentagram Engineering LTD. De acordo com o interrogatório de Bruno
Luz, a Cap Dupell é também uma offshore pertencente aos Schahin. Por fim,
também foi identificada uma pauta referente a cobranças envolvendo a propina
devida pela Schahin a Jorge Luz e Bruno Luz. Vale ressaltar que a existência de
instrumentos contratuais foi negada por Milton Schahin em colaboração premiada,
o qual também afirmou não possuir documentos e demais extratos envolvendo os
pagamentos para Jorge e Bruno Luz”, narrou a força-tarefa.
“Desse modo, junta-se comunicações entre a defesa
de Milton Schahin e esta força-tarefa, a fim de que a colaboração do acusado
seja devidamente avaliada na sentença, mormente em relação à omissão na
apresentação de documentação e de informações importantes para o deslinde da
causa.”
Jorge Luz e Bruno Luz estão presos preventivamente
desde 25 de fevereiro, por corrupção e lavagem de dinheiro. Em interrogatório
perante Moro, na semana passada, Jorge Luz confessou ter intermediado propinas
de R$ 11,5 milhões aos senadores do PMDB Renan Calheiros (AL) e Jader Barbalho
(PA), ao ex-ministro Silas Rondeau e ao deputado Anibal Gomes (CE) – todos os
parlamentares negam enfaticamente recebimento de valores ilícitos.
A reportagem procurou a Schahin, mas ainda não
obteve retorno.