terça-feira, 2 de maio de 2017

UM DITADOR DISFARÇADO DE DEMOCRÁTICO

Maduro ignora Parlamento e convoca Constituinte
O presidente da Venezuela afirmou que a Assembleia Nacional, controlada pela oposição, não poderá se opor às decisões tomadas pela Constituinte 'operária'
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta segunda-feira que convocará uma Assembleia Nacional Constituinte para vencer o “golpe de Estado” que, segundo ele, seria a razão para a deteriorada situação econômica, política e social do país. De acordo com o anúncio, a Constituinte será composta por “operários” e não por partidos políticos, sem, portanto, a intervenção do Poder Legislativo, controlado pela oposição ao chavismo.
Durante um grande ato de 1º de Maio com operários em Caracas, Maduro fez um chamado ao “poder constituinte originário” para que “a classe operária” convoque a Constituinte, dizendo que que não há outra alternativa e que desta forma se atingirá a paz e será vencido “o golpe de Estado”. O objetivo do presidente é recriar o Estado, criar um novo ordenamento jurídico e redigir uma nova Constituição.
“Assumo todas as consequências e chamo o povo para se preparar para uma grande vitória. Convoco uma Constituinte cidadã. Não uma Constituinte de partidos políticos. Uma de trabalhadores, de camponeses”, disse Maduro, ao invocar o artigo 347, que dá poderes ao chefe de Estado para tomar tais decisões. Segundo ele, a Constituinte seria integrada por 500 legisladores, dos quais 250 serão eleitos por grupos setoriais como pensionistas, trabalhadores, camponeses, jovens e indígenas.
O presidente advertiu que legalmente os “poderes constituídos”, como a Assembleia Nacional, não poderão se opor as decisões tomadas dentro da Assembleia Constituinte. “Querem diálogo? Poder Constituinte! Querem eleições? Poder Constituinte!”, provocou Maduro.
Segundo o presidente venezuelano, a decisão de convocar a Constituinte será tomada oficialmente em um Conselho de Ministros a ser realizado ainda nesta segunda.