Nem a
lista do Fachin vai impedir esses políticos nas urnas em 2018.
Dos cinco deputados federais puxadores de voto
citados na lista do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal
(STF), pelo menos quatro pretendem disputar cargos nas urnas em 2018.
As acusações contra eles, no âmbito da Operação Lava Jato, são de corrupção,
lavagem de dinheiro e caixa dois.
Chamados "puxadores de voto", esses
candidatos são determinantes para a coligação em que estão nas eleições
eleições proporcionais (para deputado federal, estadual e vereadores). Isso
porque eles ajudam a eleger outros nomes, que tiveram menos apoio popular.
Futuro governador?
Acusado de falsidade ideológica eleitoral, Daniel
Vilela (PMDB-GO) quer conquistar o governo de Goiás. Em evento na cidade de
Pontalina, no início de abril, ele afirmou que o governo atual "denunciado
por corrupção e focado unicamente no marketing, perdeu há tempos a vontade e a
capacidade de atender as necessidades das pessoas".
Estamos elaborando um projeto para o Estado com pé
no chão, focado em resultados e sem espaço para esta política do compadrio que
ocorre hoje. Goiás viverá uma grande mudança em 2018. Podem anotar!
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Apr 1, 2017 at 9:54am PDT
Na agenda do peemedebista nas últimas semanas, está
um roteiro intenso divulgado nas redes sociais, que passa pelo municípios de
Jandaia, São Luís de Montes Belos, Caiapônia, Doverlândia, entre outras.
Em Brasília, por sua vez, ele tem recebido lideranças
do partido, vereadores, secretários e prefeitos, em busca de recursos. O
prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, por exemplo, voltou para
casa com a promessa do ministro do Esporte, Leonardo Picciani, de construção de
um ginásio e ampliação do estádio Annibal de Toledo.
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Mar 15, 2017 at 3:39pm PDT
Eleito com 179.214 votos em 2014, Vilela teve o
segundo melhor resultado para deputado federal no estado, atrás do, Delegado
Waldir (PSDB), que obteve 274.625 votos. Os dois foram os únicos que atingiram
o quociente eleitoral para se elegerem sozinhos.
O peemedebista foi responsável por garantir a vaga
de outros dois deputados da coligação: Lucas Vergílio (SD) e Pedro Chaves
(PMDB).
Em seu primeiro mandato na Câmara, Vilela foi
presidente da comissão da reforma trabalhista. Aos 33 anos, o pré-candidato
constrói a campanha com a ideia de renovação na política.
Na lista de Fachin, ele é alvo de um inquérito junto
com o pai, Luís Alberto Maguito Vilela, prefeito de Aparecida de Goiânia entre
2012 e 2014. De acordo com delatores da Odebrecht, a empresa doou R$ 500 mil
não contabilizados à campanha, em troca de favorecimento da empreiteira na área
de saneamento básico.
Em 2014, Maguito Vilela teria solicitado doação para
a campanha do filho. Em troca, manteria a regularidade da execução dos
contratos com a empreiteira. Nessa época, foi feito um repasse de R$ 1 milhão,
de acordo com as investigações. Daniel é acusado de caixa dois.
A família nega conhecer os delatores e afirma que
as campanhas de ambos "foram feitas inteiramente com recursos
contabilizados conforme determina o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e
aprovadas pela referida corte".
Reeleição
Presidente da comissão da reforma política e irmão
do ex-ministro Geddel Vieira Lima - que deixou o governo após
escândalo envolvendo apartamento de luxo em Salvador - o
deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) também está de olho na reeleição.
Em 2014, o peemedebista foi o deputado baiano que
conquistou melhor resultado nas urnas, com 222.164 votos.
Na Lava Jato, Lúcio é acusado de corrupção ativa,
passiva e lavagem de dinheiro, no mesmo inquérito que
cita o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), o presidente do
Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) e seu antecessor no cargo, Renan Calheiros
(PMDB-AL).
Delatores afirmaram que a Odebrecht efetuou
pagamento de vantagem indevida para obter aprovação de legislação favorável aos
interesses da companhia. Conhecido pelo apelido de "Bitelo", o
deputado teria recebido R$ 1 milhão. Lúcio não comentou a acusação.
Sucesso nas urnas
Acusado de caixa dois, Celso Russomano (PRB-SP) pretende
continuar na Câmara dos Deputados em 2019. Nas últimas eleições, ele conquistou
1.524.361 votos, melhor desempenho em São Paulo e no País. Ele ajudou a eleger
outros sete federais, sendo cinco deles com votação menor do que a de
concorrentes que não foram eleitos.
Em delação,
executivos da Odebrecht afirmaram ter repassado R$ 50 mil para uma suposta
campanha à Câmara em 2010. Naquele ano, no entanto, Russomano concorreu ao
governo do estado de São Paulo. O deputado afirma que todas as contas
eleitorais foram declaradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral.
De olho no Senado
Deputado federal mais votado em Mato Grosso do Sul,
com 160.556 votos, Zeca do PT é pré-candidato ao Senado Federal em 2018. No
estado, foi governador por dois mandatos.
Na lista de Fachin,
responde por corrupção ativa, passiva e por lavagem de dinheiro. De acordo com
delatores, o petista teria recebido R$ 400 mil da Odebrecht na campanha de 2006
ao governo do estado.
Ao final das negociações, os valores teriam sido
repassados em favor do senador Delcídio do Amaral, que, após desistência de
Zeca, acabou sendo o candidato do PT ao governo do Mato Grosso do Sul naquele
ano.
O deputado afirma que nunca recebeu doação da
empresa citada e que nunca teve relação alguma, pessoal ou política com o
grupo.
Quinto deputado federal paulista com mais votos nas
últimas eleições, Rodrigo Garcia (DEM) afirmou, em nota à reportagem, que
considera "prematura qualquer definição sobre as eleições do próximo
ano".
Ele está licenciado do cargo na Câmara e atua como
secretário da Habitação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Delatores da Odebrecht na Lava Jato afirmam ter repassado recursos por meio de
caixa dois para campanha do tucano à Câmara em 2010. O
secretário classificou a acusação como "descabida" e afirmou que jamais
se reuniu "com qualquer pessoa para tratar desse tipo de assunto" nem
autorizou "que ninguém recebesse recursos ilícitos" em seu nome.