sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

ENTREGANDO O CHEFE(DE CERTA FORMA)

Quinta-feira, 23/02/2017, às 22:00, por Gerson Camarotti

O presidente Michel Temer foi informado que seu amigo e ex-assessor José Yunes deu depoimento ao Ministério Público Federal no qual relata que recebeu “documentos” do doleiro Lúcio Funaro a pedido do atual ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, durante a campanha presidencial de 2014. 

Segundo delação premiada de Cláudio Melo, ex-executivo da empreiteira Odebrecht, Yunes recebeu em seu escritório, em dinheiro vivo, R$ 4 milhões que seriam parte de um repasse de R$ 10 milhões. Após a revelação do conteúdo da delação de Melo, em dezembro, José Yunes pediu demissão do cargo de assessor especial da Presidência.

Nesta quinta-feira (23), Yunes esteve em Brasília e visitou Michel Temer no Palácio da Alvorada. A assessoria do Palácio do Planalto confirmou o encontro, mas não revelou o teor da conversa.

Foi Yunes quem procurou o Ministério Público para prestar depoimento e dar sua versão dos fatos. 

Segundo o relato de Yunes, Eliseu Padilha ligou para ele e disse que uma pessoa iria deixar em seu escritório em São Paulo documentos que depois seriam retirados por um emissário.

Ao chegar ao local, a pessoa se identificou como “Lúcio”.

 Yunes conta que pensava se tratar do deputado Lúcio Vieira Lima, irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima.

Mas, ao receber o portador dos documentos, viu que era o doleiro Lúcio Funaro, preso e apontado pela Polícia Federal como operador do deputado cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.

 Yunes disse que falou rapidamente com Funaro e que achou a conversa “maluca”. Segundo relato de Yunes, Lúcio Funaro deixou o “documento” no escritório. 

Horas depois, outra pessoa pegou o envelope deixado por Funaro, que tinha como destinatário o ex-ministro Geddel Vieira Lima.