Relator diz que obter 308 votos para aprovar reforma da Previdência será 'trabalho árduo'
Arthur Maia (PPS-BA) concedeu entrevista após jantar no Palácio da Alvorada, oferecido pelo presidente Michel Temer. Para ele, mesmo com texto mais enxuto, não será 'fácil' aprovar proposta.
Ele deu a declaração após participar de um jantar no Palácio da
Alvorada, em Brasília, oferecido pelo presidente Michel Temer a
deputados da base aliada em uma tentativa de angariar apoio em torno do
novo texto.
"Essas mudanças foram acordadas entre os que defendem a PEC e a equipe
econômica [do governo]. Agora, vamos deixar claro: temos pela frente um
trabalho árduo de construir essa maioria de 308 votos. Não é fácil. Não é
fácil construir 308 votos para esse tema", afirmou.
O jantar reuniu, segundo a assessoria da Presidência, 176 pessoas, entre ministros, economistas e parlamentares.
Nos bastidores, o Palácio do Planalto contava com a participação de 300
deputados. Questionado por jornalistas se considerava que havia tido um
boicote ao jantar, Arthur Maia contestou.
“Eu nunca esperei 300. Se tivesse 300, o presidente Rodrigo Maia tinha
que botar para votar a reforma hoje. Eu acho que atingimos um número
bastante representativo", ponderou o deputado.
Antes de o jantar ser servido, Arthur Maia fez uma apresentação do
conteúdo do seu novo texto. A proposta original, aprovada na comissão
especial da Câmara em maio, precisou ser desidratada para retirar pontos
mais polêmicos, como mudanças nas regras para a aposentadoria rural e
para a concessão de benefício dado a pessoas de baixa renda idosas e com
deficiência.
O relator ponderou que a discussão sobre a Previdência foi interrompida
por causa da votação das duas denúncias apresentadas pela Procuradoria
Geral da República contra o presidente Temer e que agora o debate é
retomado em um cenário de desgaste entre a base.
“Obviamente que, depois de tantos percalços que a Câmara enfrentou, de
tantas dificuldades, é natural que haja hoje um clima político mais
difícil para avançarmos em um tema que é sempre árido e difícil como a
reforma da Previdência Social”, disse Maia.
Arthur Maia reconheceu que as alterações feitas em relação ao texto
original vão representar uma redução significativa na economia esperada,
mas é que melhor economizar uma parte do que nada.
Segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, se aprovada a nova
reforma, a economia gerada será de 60% em relação ao texto original, que
era economizar de R$ 800 bilhões em dez anos.
“Na política, tem o ideal e tem o possível. [...] Melhor do que não economizar nada é economizar 60%”, disse.
Apesar de reconhecer a dificuldade, Arthur Maia tentou se mostrar
otimista com o novo texto. “Sinto uma mudança muito positiva no
sentimento das pessoas nos últimos dias. Hoje, a discussão é em torno do
fim do privilégio, não ouço mais ninguém falar que essa reforma tirar o
mínimo de direito do trabalhador, porque não tira”, avaliou.