Temer diz que foi denunciado porque Janot queria impedir nomeação
O presidente da República, Michel Temer, afirmou nesta
segunda-feira, 6, que foi denunciado criminalmente duas vezes porque o
ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, autor das acusações
formais, queria impedir sua influência na escolha do novo chefe do
Ministério Público. Temer falou como vítima de uma “trama” que
“pretendeu mergulhar o Brasil numa crise política”, ao discursar a
deputados líderes de partidos e bancadas na Câmara, convidados para
reunião no Palácio do Planalto.
“Urdiram muitas tramas, na verdade, para derrubar o presidente
da República, derrubar o regime posto. As duas denúncias que foram
desautorizadas pela Câmara, hoje está robustamente, relevantemente,
fortemente demonstrado, era uma articulação que tinha um objetivo
mesquinho, minúsculo, menor, de derrubar o governo para impedir o
presidente de indicar o sucessor daquele que ocupava a PGR”, disse o
peemedebista.
Com o fim do mandato de Janot, Temer indicou para substituí-lo
a segunda colocada na lista tríplice encaminhada pela
Procuradoria-Geral da República, Raquel Dodge. Ele rompeu o histórico
recente ao ignorar o primeiro colocado, Nicolau Dino, do grupo de Janot.
Raquel Dodge é tida como adversária interna do ex-procurador-geral no
órgão.
Temer foi denunciado formalmente no âmbito da delação premiada
do grupo JBS por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução
da Justiça. Sem citar as denúncias, ele disse aos deputados que o
livraram de perder o mandato, barrando no voto o processamento das
acusações até o fim de seu governo, que faz um governo “conjugado” e
“semiparlamentarista”. “Ninguém obstacularizou, ninguém impediu que se
apurasse isso ou aquilo”, defendeu-se o presidente.
Temer também fez um apelo, em tom resignado, para que os
deputados ajudem a aprovar pelo menos uma revisão previdenciária, diante
das dificuldades do Congresso de aceitar a íntegra da reforma da
Previdência proposta pelo Planalto. Ele afirmou que continuou
trabalhando “apesar das infâmias” contra ele e que os próximos 14 meses
de governo serão de prosperidade. “Precisamos a essa altura descomprimir
o País”, disse.