Os depósitos ilegais para Vacarezza
A PF quebrou o sigilo bancário do ex-deputado Cândido Vaccarezza, ex-líder dos governos Lula e Dilma, e descobriu mais de R$ 1,7 milhão de dinheiro ilegal em suas contas
Não são malas de dinheiro como
no caso de Geddel Vieira Lima, mas os valores sem origem que a Polícia Federal
encontrou nas contas bancárias do ex-deputado Cândido Vaccarezza (deixou o
PT para criar o Avante) mostram que ser líder de governos petistas é um bom negócio.
Mais de R$ 1,7 milhão foram depositados, entre 2008 e 2011, em 383 operações
com cheques ou em espécie (dinheiro vivo), sem qualquer identificação dos
remetentes. Os dados estão em uma perícia feita pela PF a partir da quebra de
sigilo bancário do ex-deputado. O documento foi obtido com exclusividade pela
ISTOÉ. Em mais de 30 páginas, os peritos analisaram toda a movimentação
financeira de oito contas do ex-deputado, sendo três em nome de pessoas
jurídicas ligadas a ele.
A principal conclusão, com base
na enorme diferença entre o montante de recursos depositados e sacados, é que
houve recebimento de valores elevados, sem origem conhecida. Em saques feitos
de uma só vez, ele retirou R$ 308 mil, R$ 129 mil, R$ 230 mil e R$ 216 mil,
entre 2008 e 2011. Esses saques totalizam R$ 883 mil. Depósitos fracionados em
espécie aparecem com frequência em suas contas conforme as investigações da
Lava Jato. Trata-se de uma estratégia para disfarçar recebimentos ilícitos e
dificultar o rastreamento do dinheiro. Mas, com a perícia em mãos, a PF aprofundou a apuração, relacionando
os depósitos com pagamentos de propinas à Vaccarezza, mapeando o caminho dos
valores e identificando os remetentes.
O ex-deputado foi preso em agosto deste ano, na 44ª fase da Lava Jato, e solto após cinco dias por decisão do juiz Sergio Moro. Vaccarezza é investigado por ter recebido cerca de US$ 400 mil (R$ 1,276 milhão) em propina para favorecer a empresa americana Sargeant Marine na assinatura de um contrato com a Petrobras para fornecimento de asfalto. Como líder dos governos Lula e Dilma, Vaccarezza tinha grande influência em Brasília, e, segundo a Lava Jato, também atuava com desenvoltura na Petrobras. O caso da Sargent Marine não é o único. A PF tem documentos que apontam a interferência do ex-deputado em outros contratos da estatal – tudo em troca de vantagens indevidas.
O ex-deputado foi preso em agosto deste ano, na 44ª fase da Lava Jato, e solto após cinco dias por decisão do juiz Sergio Moro. Vaccarezza é investigado por ter recebido cerca de US$ 400 mil (R$ 1,276 milhão) em propina para favorecer a empresa americana Sargeant Marine na assinatura de um contrato com a Petrobras para fornecimento de asfalto. Como líder dos governos Lula e Dilma, Vaccarezza tinha grande influência em Brasília, e, segundo a Lava Jato, também atuava com desenvoltura na Petrobras. O caso da Sargent Marine não é o único. A PF tem documentos que apontam a interferência do ex-deputado em outros contratos da estatal – tudo em troca de vantagens indevidas.
Dinheiro vivo
Uma das transações que levantou as maiores suspeitas dos peritos está em uma
conta na Caixa Econômica Federal. Foram feitos 383 depósitos em dinheiro vivo,
entre 2008 e 2014, que totalizam R$ 1,7 milhão. A PF considerou que houve
“atipicidade no momento depositado em espécie na conta da Caixa, levando-se em
consideração que seus proventos foram depositados em outra conta, no Banco do
Brasil”. As suspeitas não param por aí. A perícia analisou transações bancárias
destinadas a aquisição de bens, móveis e imóveis. Um cheque de R$ 60 mil foi
compensado para compra de um apartamento em São Paulo, em 16 de dezembro de
2008.
Nos registros enviados pelo
banco, consta que o cheque foi depositado em uma conta desconhecida, apenas com
identificação do número da agência. Em 29 de dezembro de 2008 e 19 de janeiro
de 2009, foram emitidos mais dois cheques nos valores de R$ 30 mil e R$
30.240,00, respectivamente, depositados na mesma agência. Não existe qualquer
outra transação nessa agência no restante do período periciado. “Desta forma,
estas transações apresentam indícios de uma entrada relativa ao apartamento
maior do que declarado”, conclui a perícia. A suspeita é de que Vaccarezza
pagou mais pelo apartamento do que declarou à Receita Federal. Mais uma linha
de investigação a ser aprofundada pela Lava Jato.