Yunes sabia que ‘era dinheiro’, afirma Funaro, em depoimento
Em depoimento prestado à Procuradoria-Geral da República
durante o procedimento de delação premiada, o operador financeiro Lúcio
Funaro afirmou que era “lógico” que José Yunes, ex-assessor especial do
presidente da República, Michel Temer, sabia que havia entregue a ele
uma caixa com dinheiro em setembro de 2014.
“Ele (Yunes) tinha certeza que era dinheiro, ele sabia que era
dinheiro, tanto que ele perguntou se meu carro estava na garagem,
porque ele não queria que eu corresse risco de sair com a caixa para a
rua. E até pelo próprio peso da caixa, para um volume de R$ 1 milhão, é
uma caixa bem pesada”, afirmou Funaro em declaração feita ao Ministério
Público Federal no dia 23 de agosto.
A informação foi divulgada na sexta-feira, 13, pelo site do jornal Folha de S.Paulo,
que teve acesso aos vídeos da delação. A revelação do caso, em meio às
delações da Odebrecht, levou à saída de Yunes do Palácio do Planalto em
dezembro do ano passado.
Na versão do ex-assessor de Temer, no entanto, ele diz ter
sido “mula involuntário” do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e
que não tinha conhecimento do conteúdo do que estava entregando a
Funaro.
Funaro afirma ainda que foi pegar R$ 1 milhão a pedido do
ex-ministro Geddel Vieira Lima, hoje preso na Lava Jato. Segundo Funaro,
um outro doleiro, chamado Tony, fez para ele o trabalho de “logística”,
de receber o dinheiro em São Paulo e entregá-lo em Salvador.
“Nego peremptoriamente as levianas e falsas acusações feitas pelo delator que responderá criminalmente”, disse Yunes.