PT muda posição e deve votar pelo afastamento de Aécio
Após o mal-estar causado pela nota em que o PT
criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de afastar o senador Aécio
Neves (PSDB-MG) do mandato, o partido deve fechar questão e votar pela
manutenção das medidas cautelares aplicadas contra o tucano.
A bancada vai se reunir na próxima terça-feira, 17,
data em que está marcada a votação sobre o caso em plenário. Segundo o líder da
minoria no Senado, Humberto Costa (PT-PE), a manifestação do PT em relação a
Aécio tinha um caráter institucional, de defesa da autonomia entre os Poderes,
e não de apoio ao tucano. Para ele, a bancada do partido, com nove senadores,
deve votar unida para manter o senador tucano afastado do cargo.
“O Senado vai ter que entrar no mérito da
discussão. Agora nós vamos discutir se as coisas que têm contra o Aécio
justificam, ou não essa recomendação do Supremo. Eu vou defender que nós
votemos para seguir a recomendação”, disse.
Essa também é a posição da senadora Fátima Bezerra
(PT-RN). “Não dá para fingir que a gente não ouviu a conversa indecorosa que
ele teve com Joesley Batista (dono da JBS). Não dá para fingir que não houve
mala de dinheiro entregue ao primo dele. Se o Senado quer o respeito do povo
brasileiro, não dá para tampar o sol com a peneira”, afirmou.
Nota
Um dia depois de o Supremo determinar o afastamento
de Aécio e impor outras medidas cautelares ao tucano, o PT emitiu uma nota em
que classificava como “esdrúxula” a decisão. “A resposta da Primeira Turma do
Supremo Tribunal Federal a este anseio de Justiça foi uma condenação esdrúxula,
sem previsão constitucional, que não pode ser aceita por um poder soberano como
é o Senado Federal”, dizia o texto.
A nota também afirmava que não existia “a figura do
afastamento do mandato por determinação judicial” e que a decisão era “mais um
sintoma da hipertrofia do Judiciário”, que vinha “se estabelecendo como um
poder acima dos demais e, em alguns casos, até mesmo acima da Constituição
Senado Federal”.
Com diversos parlamentares implicados na Lava Jato,
a manifestação foi vista como uma maneira de marcar posição diante da
possibilidade de algo semelhante vir a acontecer com algum petista. A
presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PR), por exemplo, já é ré em
um inquérito no Supremo.
O texto, no entanto, não foi bem recebido pela
militância do partido, que apontaram o fato de Aécio ter sido um dos principais
articuladores do impeachment de Dilma Rousseff.