O prefeito de
São Paulo, João Doria (PSDB), disse na noite desta segunda-feira, 24, que “põe
a mão no fogo” pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), mesmo após seu padrinho
político ter sido citado por delatores da Operação Lava Jato. “Eu ponho a mão
no fogo por ele, Geraldo Alckmin. Como cidadão, como pai, como amigo e como
homem público”, disse. No sábado, 22, em Foz do Iguaçu (PR), o prefeito afirmou
que Alckmin ficou "muito constrangido" com as citações.
Alckmin foi citado por três delatores da Odebrecht. Os
ex-executivos afirmaram à Procuradoria-Geral da República (PGR) que o
governador de São Paulo usou o cunhado para receber R$ 10 milhões do setor de
Operações Estruturadas, identificados pelos investigadores como propina da
empreiteira. Alckmin nega.
As informações constam de manifestação do procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Edson Fachin
encaminhou o caso para o Supremo Tribunal de Justiça (STJ), foro competente
para investigar governadores de Estado.
Pouco antes de participar de um jantar oferecido pela Fundação Conselho
Espanha-Brasil, em um hotel de luxo, Doria disse que o governador saberá fazer
sua defesa das acusações. “Tenho muita convicção que ele saberá fazer sua
defesa e será absolutamente isentado de qualquer situação que o implique na
Lava Jato”, disse.
Doria afirmou não crer que as citações a Alckmin o enfraqueçam na
tentativa de se cacifar como candidato do PSDB à Presidência. E voltou a dizer
que o governador de São Paulo é o “candidato natural”.
Segundo ele, são gentilezas e generosidade as afirmações de que ele
poderia ser candidato. Mais cedo, no mesmo evento, o governador Marcondes
Perillo (PSDB), referindo-se ao assunto, disse que o prefeito de São Paulo é o
"próximo da fila".
O prefeito disse que conversa apenas sobre “gestão”, e que o tema política
não é tratado em suas interlocuções diárias com o governador. “A conversa não é
de política. É de gestão. O tema político não é pauta e nunca foi. Discutimos
de forma muito objetiva os temas comuns de cidade e de estado”, disse. “Nem ele
ele provoca esse assunto nem eu”, completou.
Equívoco. Por um equívoco do cerimonial,
Alckmin não foi chamado para discursar, como o fizeram, entre outros, o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e Doria. Na saída do jantar, o
governador reagiu com bom humor ao episódio. "Poupei o discurso",
brincou.