Aécio diz que é 'vítima de armação' e que não ganhou dinheiro com
política
Parlamentar,
que foi afastado pelo STF, divulgou vídeo nesta terça no qual afirma que ele e
os familiares não cometeram crimes. Ele chamou Joesley Batista de 'criminoso'.
O senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) divulgou
um vídeo nesta terça-feira (23), por meio da assessoria de imprensa, no qual
diz que é “vítima de uma armação” e que não ganhou dinheiro com a carreira
política.
Esta foi a primeira declaração de Aécio após a divulgação da delação
premiada de executivos do Grupo JBS. Antes do vídeo, Aécio só havia se
manifestado por meio de notas de advogados e da própria assessoria.
Na delação, o empresário Joesley Batista – um dos donos do frigorífico
JBS –, entregou uma gravação de 30 minutos na qual o senador e então presidente
nacional do PSDB pede
R$ 2 milhões para,
supostamente, pagar a defesa dele na Operação Lava Jato.
Após a divulgação da delação, o ministro Luiz Edson Fachin, relator da
Lava Jato, afastou
Aécio do mandato de senador a
pedido do Ministério Público Federal. O MPF chegou a pedir ao Supremo Tribunal
Federal a prisão de Aécio, mas
Fachin rejeitou o pedido.
“Essa armação me tornou, hoje, alvos de acusações e de suspeitas e
levou a medidas injustificáveis, como a prisão de meus familiares, que não
cometeram nenhum ato ilícito”, afirmou.
“Há cerca de dois meses, eu pedi à minha irmã, Andrea, que procurasse o
senhor Joesley e oferecesse a ele a compra de um apartamento onde minha mãe
vive há mais de 30 anos, herança de seu ex-marido e que havia sido colocado à
venda. Com parte desses recursos eu poderia pagar a minha defesa em inquéritos
que, tenho certeza, serão arquivados. E fiz isso porque não tinha dinheiro. Não
fiz dinheiro na vida pública”, justificou o senador afastado no vídeo
divulgado.
Além disso, Aécio Neves afirmou que sua irmã, Andrea Neves, e primo,
Frederico Pacheco, não cometeram “crime algum”. Os dois foram
presos na Operação Patmos, deflagrada após as revelações feitas
pelos executivos da JBS.
O tucano também afirmou no vídeo que cometeu três
erros. Um deles, segundo Aécio, foi permitir que sua irmã se encontrasse com um
“cidadão cujo caráter, agora, todo o Brasil conhece”.
Outro erro, segundo o parlamentar afastado, foi ter dito palavrões em
conversas particulares gravadas pelo delator.
O terceiro erro, de acordo com Aécio, foi ter se deixado “enganar numa
trama montada por um criminoso”.
Nesta terça, a defesa de Aécio entrou com um recurso no Supremo
Tribunal Federal para
tentar reverter a decisão do
ministro Edson Fachin que o afastou das atividades parlamentares.
Em entrevista a jornalistas, mais cedo nesta terça, o presidente do
Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), disse que o Senado seguirá cumprindo a
decisão do magistrado sobre o afastamento de Aécio.
Ainda no vídeo divulgado, Aécio diz que os irmãos Batista “zombam dos
brasileiros com os inacreditáveis benefícios que obtiveram”.
“Nessa história, os criminosos não são eu, nem meus familiares. Os
criminosos são aqueles que se enriqueceram às custas do dinheiro público e que
agora, nesse instante, lá no exterior, zombam dos brasileiros com os
inacreditáveis benefícios que obtiveram. Eles, sim, têm que voltar ao Brasil e
responder à Justiça pelos muitos crimes que cometeram”, concluiu o tucano.