Janot aponta Blairo, da Agricultura, como líder de organização criminosa
O procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, atribuiu ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi, “a função de
liderança mais proeminente na organização criminosa” delatada pelo
ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB). O ministro Luiz Fux, do
Supremo Tribunal Federal (STF), abriu inquérito para investigar Blairo.
A solicitação tem como base a
delação de Silval. O ministro da Agricultura é alvo da Operação Ararath,
deflagrada em 2014, para investigar desvio de recursos públicos no Governo de
Mato Grosso. Janot atribui ao ministro “tentativas de interferir” na Ararath
entre 2014 e 2017.
O procurador citou o ex-deputado
e ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso José Geraldo Riva.
“Entre os agentes políticos,
destaca-se a figura de Blairo Borges Maggi, o qual exercia incontestavelmente a
função de liderança mais proeminente na organização criminosa, embora se possa
afirmar que outros personagens tinham também sua parcela de comando no grupo,
entre eles o próprio Silval Barbosa e José Geraldo Riva”.
O ministro Luiz Fux determinou a
retirada do sigilo da delação de Silval e autorizou a abertura de um inquérito
para apurar uma organização criminosa que se instalou na alta cúpula do governo
do Mato Grosso, de acordo com o relato de Janot.
A decisão de Fux foi tomada
nesta quinta-feira, 24, e atende a pedido da Procuradoria-Geral da República. O
ministro Fux havia homologou a delação no dia 9 de agosto, uma semana após de
ter dito que ela seria “monstruosa”.
Segundo Janot, Silval Barbosa
“menciona fatos típicos praticados por autoridades detentoras de prerrogativa
de foro, dentre elas o Deputado Federal Ezequiel Fonseca, Deputado Federal
Carlos Bezerra, o Senador da República José Aparecido Santos, o Senador da
República Wellington Fagundes e o Ministro de Estado e Senador da República
licenciado Blairo Borges Maggi”.
A PGR afirma que, segundo
Silval, seu ex-chefe de gabinete Sílvio Cezar Correa Araújo, entre 2007 e 2010,
praticou “inúmeros crimes contra a administração e lavagem de dinheiro”.
Silvio Cézar Correa Araújo é uma
das outras quatro pessoas a firmarem acordo de delação premiada, além de Silval
Barbosa. Os outros delatores são Roseli de Fátima Meira Barbosa, esposa do
ex-governador do Mato Grosso, Rodrigo da Cunha Barbosa e Antônio da Cunha
Barbosa.
Vídeo
Como forma de corroboração à sua
delação premiada, Silval entregou à Procuradoria-Geral da República vídeos que
mostram políticos do Estado recebendo dinheiro vivo, veiculados no Jornal
Nacional nesta quinta-feira, 24.
O ex-governador alega que as
gravações foram feitas pelo então chefe de gabinete Silvio Cesar. De acordo com
Silval, ele era o funcionário responsável por entregar os valores. O dinheiro,
segundo o ex-governador, era de esquemas de propina no Estado.
Entre os políticos flagrados nas
imagens estão o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (PMDB), que chegou a
colocar tantas notas em seus bolsos que parte delas caiu no chão. O vídeo
mostra Emanuel agachando-se para juntar as cédulas espalhadas.
O deputado federal Ezequiel
Fonseca (PP) aparece nas imagens às quais a Rede Globo teve acesso recebendo o
dinheiro em uma caixa de papelão. O então deputado estadual Hermínio Barreto
(PR) é flagrado com os maços em uma mala. A atual prefeita de Juara (MT),
Luciane Bezerra (PSB) também pode ser identificada no vídeo levando o dinheiro
na bolsa. O ex-deputado estadual Alexandre César (PT) aparece levando notas em
uma mochila.
Defesa
A reportagem entrou em contato
com o ministro Blairo Maggi, que ainda não se pronunciou.