'Na terra da impunidade, a Lava Jato parece uma árvore frondosa', diz
Deltan Dallagnol em evento em SP
Procurador
participou do 1° Congresso Brasileiro da Escola de Altos Estudos Criminais,
realizado na Zona Sul da capital paulista. 'Existe um compromisso de devolução
de mais de R$ 10 bilhões', citou.
O
procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato no
Paraná, defendeu a operação em evento em São Paulo neste sábado (26). “Na terra
da impunidade, a Lava Jato parece uma árvore frondosa. Mas é uma árvore
frondosa que floresceu no deserto", disse.
A afirmação foi feita
durante o 1° Congresso Brasileiro da Escola de Altos Estudos Criminais,
realizado na Zona Sul da capital paulista. Durante discurso de quase uma hora e
meia, ele apresentou um histórico da operação, criticou a corrupção e citou
alguns resultados da operação. "Existe um compromisso de devolução de mais
de R$ 10 bilhões; R$ 1 bilhão já foram devolvidos."
Dallagnol destacou o
que, para ele, são as condições que propiciam a corrupção. "No cenário
brasileiro, duas [condições] se destacam com folga: a primeira dela é a
impunidade. Nós somos o paraíso da impunidade. E a segunda são falhas no
sistema político.”
Segundo ele, a
corrupção é um crime “difícil de descobrir” e, quando se descobre, “é difícil
de comprovar por causa da lavagem de dinheiro”. O procurador também criticou as
penas baixas a esse tipo de crime e a prescrição –principalmente quando o
acusado é poderoso. “O sistema favorece a anulação de casos envolvendo réus
ricos e poderosos.”
O procurador afirmou
que “a Lava Jato rompeu esta impunidade”. Ele citou três motivos: “Novo modelo
de investigação, apoio da população e uma série de sortes”. Entre as “sortes“,
citou os “bons juízes” que julgam os processos resultantes da operação.
Revisão do STF
Dallagnol também
expressou preocupação na possibilidade de que o STF revise a decisão de autorizar
a prisão após condenação em 2ª instância. “Algo que contribuiu muito para a
Lava Jato foi a possibilidade de execução provisória da pena. Por isso nos
preocupa muito a revisão de posicionamento do Supremo Tribunal Federal.”