Ex-procuradora-geral da Venezuela diz que vai entregar provas sobre Odebrecht ao Brasil e outros países
Luisa Ortega Díaz participou de evento em Brasília com Rodrigo Janot. Ela disse ter provas de corrupção da empreiteira em contratos com o governo venezuelano.
A ex-procuradora-geral
da Venezuela Luisa Ortega Díaz informou nesta quarta-feira (23) que vai
entregar a autoridades do Brasil, Colômbia, Espanha e Estados Unidos provas
sobre casos de corrupção envolvendo a Odebrecht e outras empresas no país
vizinho.
“Essas provas, as tenho
comigo e vou cedê-las a alguns Estados para que procedam a processar as pessoas
que as correspondam. A Nicolás Maduro [presidente da Venezuela], Diosdado Cabello,
Jorge Rodríguez [ambos aliados de Maduro] e a todos que se envolveram nisso.
Mas não somente no caso da Odebrecht”, disse , em entrevista à imprensa.
Ortega Díaz foi
destituída do cargo de chefe do Ministério Público venezuelano pela Assembleia
Constituinte controlada por Maduro no dia 5 de agosto. Ela desembarcou em Brasília na madrugada desta
quarta-feira (23) para uma reunião com colegas do Mercosul.
Em discurso proferido a
procuradores de países sul-americanos, Ortega Díaz denunciou perseguição por
parte do governo Maduro e risco de destruição de provas sobre corrupção
envolvendo seus membros.
“Quero denunciar
perante o mundo a situação grave da Venezuela: uma corrupção desmedida. E por
essa razão, para se protegerem de atos de corrupção, vêm violando a
Constituição e a lei. Um dos graves fatos é o desmantelamento do Estado de
Direito. Uma Constituinte que foi eleita sem aval do povo, sem ser consultada,
arremeteu contra o Ministério Público e contra todas as instituições
independentes”, disse.
Ela contou que o
Ministério Público da Venezuela foi “assaltado militarmente” por mais de 300
membros da Guarda Nacional e funcionários da polícia política de Maduro, “de
forma violenta”.