Réu na Lava Jato diz a Moro ter intermediado negociação de propina a
políticos do PMDB
Na lista
estão Jader Barbalho, Renan Calheiros, Anibal Gomes e Silas Rondeau. Afirmação
foi dada em audiência com juiz Sérgio Moro, em Curitiba.
Jorge Luz, acusado de ser operador do PMDB no esquema de
corrupção descoberto na Petrobras, afirmou nesta quarta-feira (12)
que houve um acordo para que políticos da legenda apoiassem diretores da
Petrobras no cargo em troca de vantagem indevida. Segundo Luz, ele intermediou
as negociações que chegaram a R$ 11,5 milhões.
Ao
ser questionado pelos próprios advogados, Jorge Luz disse que sabia quem eram
os políticos que receberiam as vantagens indevidas da Petrobras.
“Inclusive participei
da reunião de agradecimento. Inclusive o Fernando [Baiano] disse aqui ao
final o Jader o seguinte: ‘Vocês cumpriram o papel de vocês, agora o problema é
nosso’. Jader Barbalho, Renan Calheiros, Anibal Gomes, Silas Rondeau, esses são
os agentes políticos”, afirmou Luz.
Esta audiência faz
parte do processo ligado à 38ª fase da Operação Lava Jato, batizada de
Blackout. A ação investiga o pagamento de propinas na contratação e operação de
dois navios-sondas da Petrobras. Jorge Luz e o filho dele, Bruno Luz, são réus
no processo e estão presos na Superintendência da Polícia Federal em
Curitiba.
“O apoio se traduziria
numa ajuda financeira e se traduziria também na oportunidade que esses
políticos pudessem participar de algumas operações que viessem a surgir”, disse
Jorge Luz. Segundo ele, Fernando Baiano representava os diretores, e Anibal
Gomes os políticos.
Fernando Baiano foi
condenado em processos da Lava Jato como crimes como lavagem de dinheiro e
corrupção passiva. Ele foi apontado pela força-tarefa da opoeração como um dos
intermediadores de propina no esquema da Petrobras.
De acordo com Luz, em
determinado momento houve um desgaste entre Fernando Soares e Anibal Gomes. A
partir deste momento, Luz afirmou que passou a ser intermediário na recepção
das contas que o Anibal passava.
Outro lado
Procurado, o senador
Jader Barbalho em nota que nunca fez negócios com Jorge Luz. “O senador diz que
as declarações do criminoso devem ser averiguadas pela Justiça. Também diz que
conhece Jorge Luz, mas jamais fez qualquer tipo de negócio com ele", diz a
nota.
Também em nota, Renan Calheiros disse que conheceu Jorge Luz, mas não mantém
contato com ele. “O senador Renan afirma que conheceu Jorge Luz há mais de 20
anos e desde então nunca mais o encontrou ou falou com ele. Diz ainda que não
conhece nenhum dos seus filhos. Há 20 dias, o senador prestou depoimento ao
juiz Sergio Moro como testemunha de Luz e reafirmou que a citação a seu nome é
totalmente infundada", afirma o texto.
O deputado Aníbal Gomes
disse que, apesar de conhecer Jorge Luz, não mantinha relação próxima com ele.
“Desconheço totalmente esse tipo de acordo. Li a informação na imprensa, mas
desconheço tudo isso que foi dito. Conheci o Jorge Luz, mas nunca tive
intimidade com ele, muito menos negócios. Nunca", afirmou.
Até a última atualização
desta reportagem, o G1 ainda tentava contato com o ex-ministro
de Minas e Energia, Silas Rondeau.
Outra citação
Os senadores Renan Calheiros e Jader Barbalho foram citados anteriormente pelo colaborador da Operação Lava Jato Felipe Parente. O empresário e advogado afirmou que entregou propina para Calheiros e Barbalho.
Parente
foi citado pela primeira vez nas investigações da Lava Jato pelo ex-presidente
da Transpetro Sérgio Machado, outro colaborador da operação. Segundo Machado, o
empresário era encarregado de levar propina para a cúpula do PMDB. Em troca, de
acordo com o ex-presidente da estatal, Parente recebia 5% dos valores
transportados.(Fonte: G1)