O dono do grupo JBS, Joesley Bastista, enviou uma carta na noite desta quinta-feira pedindo desculpas “a todos os brasileiros” e reconhecendo os erros ao “interagir em diversos momentos com o poder público brasileiro”. Os executivos da maior produtora de proteína animal do mundo decidiram fechar um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República após a holding entrar na mira de pelo menos cinco operações policiais — Greenfield, Sépsis, Cui Bono, Bullish e Carne Fraca. No âmbito da colaboração, que já foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sete empresários, incluindo Joesley, gravaram diálogos embaraçosos com o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), entre outros.
“O Brasil mudou, e nós mudamos com ele. Por isso estamos indo além do pedido de desculpas”, diz a carta assinada por Joesley. No texto, o empresário afirma que a JBS foi “levada” a pagar propina para agentes públicos devido ao “espírito empreendedor e a imensa vontade de realizar”. Ele prossegue dizendo que assumiu um compromisso público de ser “intolerante e intransigente com a corrupção” e que está disposto a “expor com clareza” o sistema corrupto do Estado brasileiro.
“Ainda que nós possamos ter explicações para o que fizemos, não temos justificativas. Em outros países fora do Brasil, fomos capazes de expandir nossos negócios sem transgredir valores éticos”, escreveu o empresário.
A JBS emprega mais de 270.000 funcionários no mundo, tem unidades em mais de 20 países e controla as marcas Friboi, Seara, Swift, Pilgrim’s, entre outras, segundo informações da própria empresa. O clã Batista, que controla a holding, já apareceu na lista das famílias mais ricas do Brasil e o conglomerado é um dos maiores financiadores de campanhas políticas no país.